terça-feira, 18 de janeiro de 2011

João Clareno Medalha: Quando Perdemos Tudo

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Mensagem enviada através do site em 18/1/2011 - 1h14m
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Nome: João Clareno Medalha
E-mail: jcm@hotmail.com

Mensagem: QUANDO PERDEMOS TUDO

É triste a calamidade que caiu sobre uma parte do Estado do Rio de Janeiro. Muitas pessoas vitimadas perderam tudo o que tinham. Vendo  as penosas cenas, a expressão PERDER TUDO não me saiu da cabeça.

Longe de mim achar que o que é material, conseguido com esforço, não tem importância. O que me intriga é o uso da palavra TUDO. Quase sempre a usamos para nos referir a objetos móveis (até casas, que chamamos de imóveis, não resistem sempre, como se notou na tragédia).

Há quem se sacrifique pra comprar algo, mesmo não sendo útil. Mas para a pessoa é, pois lhe dá algum significado social e a impressão de que o sacrifício vale a pena. Somos uma espécie cada dia mais apegada às coisas. Isso, tristemente, nos dá uma frágil noção de participantes deste mundo. Afinal, quando realmente perdemos tudo? O que é o nosso tudo?

Se a gente começar observar o comportamento dos outros, será fácil perceber o que é "o tudo". Claro que uma circunstância pode não ser suficiente para avaliar, mas quase ninguém se acanha em deixar claro o que realmente acha importante. Percebe-se só conversando, sem nenhuma formalidade. Revelamos muito quando não fingimos. Saber o que as pessoas sentem e valorizam é simples: observem o que elas dizem em momentos de lazer, de pouco compromisso com as aparências.

A verdade é que continuamos colocando nossa alegria nas coisas que temos materialmente. Não que não devemos tê-las. O que não devemos é nos medir por uma dúzia de objetos. Pois, como todo mundo deveria saber, os infortúnios da vida vão se apresentar na sua fúria e inevitabilidade. E os objetos, diante disso, farão pouco por nós.

Se as coisas são mais relevantes que sentimentos, conhecimentos,  respeito, desenvolvimento humano, não estamos falando de valor, estamos falando de preço. As pessoas hoje conhecem o preço de tudo e o valor de nada, disse Oscar Wilde, um escritor irlandês.

Se continuarmos colocando nossos esforços apenas no desejo de ter mais objetos, quando as nossas tragédias chegarem, pois de um jeito ou de outro elas chegarão, perderemos tudo. Porque, no fundo, não tínhamos nada.

João Clareno Medalha, estudante.

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